O tempo não pára - Postagem Temática

Meia hora era tudo o que ele tinha no bolso. Pensou seriamente em usá-lo naquele momento onde o dia se encontra. Precisava de uma brecha, mas sabia que uma vez usado há meia hora, jamais poderia utilizá-la. Ficou receoso. Ele sempre teve medo de apostar, mas sempre foi seguro nas suas intuições. Sabia que a sensação de pisar em ovos era sempre um aviso. Decidiu enforcar o tempo! Respirou fundo e correu. Correu como jamais as suas pernas haviam corrido. Cada pisada no chão era uma dor na coxa que fazia tempo que não sabia o que era um exercício físico, porém tinha fôlego. Se tudo desse certo ele chegaria a tempo de conseguir um lenço para enxugar o suor que correria na sua testa.

Olhou para um lado, olhou para o outro. Deixou um pouco de juízo na calçada, esqueceu o que sua mãe sempre falava sobre atravessar a rua, respirou fundo e foi. Como nunca havia ido.

Por entre carros, bicicletas e pedestres, conseguia desviar com uma precisão tamanha, similar ao tempo que escorria.

Não muito distante de onde ele estava, conseguia enxergar que o andar que se aproximava cada vez mais, era familiar. Gelou! Colocou a mão no bolso, segurou firme há meia hora e respirou fundo, colocando mais pressão na corrida. Suas coxas já estavam amortecidas e sua barriga agora era uma pedra de gelo.

Segurava há meia hora como se fosse uma relíquia. Era! Tão relíquia quanto o passo que se aproximava. Olhava e não via mais nada. O temor tomou conta de tudo e a autoflagelação já era sua velha companheira. Ele sabia que precisava parar, mas o tempo não era o seu melhor amigo naquelas circunstâncias, entretanto, passar despercebido era inútil.

Sempre pensar duas vezes, apertou com todas as forças a relíquia do seu tempo, que escorriam feito o seu suor.

_Me liga!

Foi à única coisa que ele conseguiu pronunciar naquele momento, antes de voltar a correr...